Tenho visto indagações do tipo: Por que os relacionamentos e
os casamentos de hoje são tão passageiros? Por que eles não têm resistido às
intempéries do viver?
Simples: No passado as sociedades eram essencialmente
patriarcais, com papeis claramente definidos onde ao homem cabia a tarefa de
mantenedor financeiro e a mulher de geratriz e educadora. Claro que já naqueles
idos existiam mulheres irrequietas, questionadoras, que por não aceitarem suas
vidas de subserviência, quebravam a “norma” e se destacavam mesmo a contragosto
da classe machista dominante, como existiam homens passivos que aceitavam
muitas vezes a condição de subserviência natural no universo feminino. Mas
estes casos não representavam muita coisa na estatística humana.
Com o passar dos tempos, com a evolução da estética do
pensamento humano, a “norma” passou a ser questionada e não aceita, mormente
pelas mulheres. Estas foram às ruas, manifestaram seus desagrados, lutaram por
seus direitos, mostraram os seus valores e chegaram ao nível em que aí se
encontram.
Com condição de manter-se a si mesma e a sua família, a
mulher passou a valorizar-se, não se deixando mais dominar; não se trancando
entre quatro paredes à espera das migalhas alimentícias, de atenção e carinho e
a ausência total daquele amor que a alma feminina tanto sonha. Romperam as
estruturas; ruíram os alicerces familiares, enfraquecendo o conceito até então
existente do que seria “família”. Naturalmente que o que na quase totalidade
dos casos mantinha e fazia de os relacionamentos “até que a morte os separassem”
rompido ou quebrado, que era a dependência financeira não mais sendo a regra ou
relacionamentos já não seriam mais duradouros.
Deste fato, (a liberdade feminina do subjugo financeiro
masculino), surge uma questão que a mim me preocupa mais que a não existência
dos relacionamentos duradouros. É a autossuficiência financeira feminina, a sua
condição intelectual, o seu poder que algumas profissões lhe conferem lhe
distanciando de quase tudo e quase todos, principalmente de um amor que ela
mesma, a mulher, sempre sonhou. É que a mulher quando manda na maioria das
vezes é pior de que o homem quando manda.
Assim, tenho visto mulheres na sociedade muito valorizadas,
de narizes em pé, orgulhosas, vaidosas, e no silêncio da sociedade, sofrendo a
necessidade de uma companhia que lhe complete, porque o dinheiro pelo dinheiro,
o poder pelo poder, a autossuficiência pela autossuficiência, sinceramente, não trazem felicidade.
Para mim, A FELICIDADE ESTÁ NA CAPACIDADE DE AMAR; ESTÁ NO
AMOR. E o amor, é estar junto, preocupado com sua felicidade. É dividir
alegrias e dores... É querer ser acariciado e acariciar... É desejar... É se
dar sem reservas... É deitar-se ao lado de quem se amar para juntos passar a noite, e, acordar
na manhã seguinte para naquele novo dia, estarem juntos.
Amar é assim, tão simples. Mas, porque neste instante da
humanidade se ama a si mesmo apenas, à sua profissão, ao seu patrimônio e a sua
importância na sociedade, não se permitindo negar-se a si mesmo para eternizar
um relacionamento é que os relacionamentos não são mais duradouros. Nem serão!
Antonio Rey.