quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Matéria sobre vidência.

Vidência



Fazendo parte do universo dos equívocos espíritas, muitos confrades, têm pregado sistematicamente que a vidência, é um fenômeno anímico. Dizem isso, afirmando que é a ‘’alma’’ (anima), quem faculta ao indivíduo ver. Concordo plenamente que é a alma quem faculta ao sujeito ver. Outrossim, pergunto: Qual o fenômeno em que o ser encarnado atua, que prescinde da participação da alma? Conhecem acaso algum? Nem por isso, tudo é animismo. É notório, que o corpo humano atua, em todos os sentidos falando, porque existe uma alma à anima-lo. Daí, por que no trato dos fenômenos medianímicos, conceituar a vidência como animismo? Partindo deste pressuposto, ( de que, é a alma que faculta a vidência ) toda e qualquer mediunidade seria também animismo, porque é essa, que possibilita ao ser humano, ( conjunto de corpo físico mais alma ) servir de médium do mundo exterior, e de si mesmo, que neste caso sim, chamaríamos de animismo.
Gostaria de deixar claro que a palavra médium, nos compêndios da doutrina espírita, não é apenas alguém que serve de medianeiro. É sim, antes de tudo, aquele indivíduo dotado de faculdades especiais, que, no passado era chamado de piton ou pitonisa e hoje, no estudos da psique, chamado de paranormal.
Particularmente entendo,  que o problema reside, não na ação da vidência em si, mas, nos conceitos que nós espíritas, temos dado às palavras, mediunidade e animismo. É na busca de suas morfologias, que os estudiosos se prendem ao superficial, em detrimento do âmago da questão.  O animismo, nada mais é do que uma ação mediúnica, do próprio comunicante, quando essa, externa-se, espontaneamente ou por indução, dos refolhos do seu inconsciente profundo. Também, está catalogado como animismo a mistificação;  seja essa, consciente ou inconsciente.
É preciso, que o espírita entenda, que Allan Kardec, nosso modelo maior depois do Cristo Jesus, em o Livro dos Médiuns, guia esclarecedor no assunto mediunidade, jamais utilizou-se da palavra animismo. Na verdade, temos ao longo de alguns anos, nos apegado na deixa de Aksakof.
Coube ao russo, Alexandre Aksakof, homem impoluto, pensador, filósofo e conselheiro do Império daquele país, propor o uso da palavra animismo. Aliás, ele próprio, em nota de rodapé, na pág. 226, do Vol. II, do seu livro Animismo e Espiritismo, nos diz, que, quem primeiro utilizou a palavra animismo, foi o Dr. Stahl, em seu sistema médico. Ele, o Dr. Sthal, considerava a alma ( anima ) como o princípio vital e o corpo, como sua criação, e agente de suas ações. Vê-se portanto, que o Dr. Stahl, jamais associou o animismo com a doutrina espírita, uma vez que em sua época, essa, ainda não tinha sido codificada. Ele designava de animismo, a ação da alma sobre o seu corpo físico.  A utilização da palavra animismo pelo Dr. Stahl, em nada se aproxima do uso que nós espíritas, hoje lhe damos.   
Naquele período, quando a doutrina espírita, recém codificada, veio esclarecer ao mundo que os raps, as mesas girantes e as pranchetas escreventes, entre outros fenômenos, eram frutos de uma ação inteligente, extra material, surgiu na época, um homem muito culto, inteligentíssimo, também pensador, como Aksakof, alemão de nascimento, e que se chamava de Eduardo Von Hartmann. Era o Quevedo daqueles dias.
Hartmann, não aceitava de forma alguma que o espírito, depois de desencarnado, pudesse fazer parte do nosso campo de ação, muito menos, agir sobre a matéria. Foi talvez, o maior detrator do espiritismo em todos os tempos. Todos os fenômenos, naquela época em voga, - porque, era a única forma dos espíritos chamarem atenção sobre a real imortalidade da alma – segundo ele, era possível, porque o sensitivo, utilizava-se de uma força nervosa mediúnica, levada a efeito, por uma super excitação psíquica de médiuns mui especiais.
Aksakof, que se apaixonara pela beleza do Espiritismo, - pois que antes era céptico, - como homem digno e probo, passou a pesquisar, catalogar fatos e matérias, muito divulgadas em jornais de toda Europa e América, como parte de um rigoroso estudo. Assim, para melhor formular o seu raciocínio, de forma a responder, convincentemente ao Sr. Hartmann, mais uma vez, propôs dividir os fatos mediúnicos em dois:
O Espiritual; que seriam todos os fenômenos levados a efeito pela ação comprovadas dos espíritos;
O Anímico; que seriam todos os fenômenos levados a efeito pela ação consciente ou inconsciente, do espírito encarnado ou, alma, como também, os que não se enquadrassem no caso acima.

Vejamos o que, o próprio Aksakof, nos deixa escrito, na pág.226, no vol. II, o seu livro já supra mencionado: ‘Para maior brevidade, proponho designar pela palavra animismo todos os fenômenos intelectuais e físicos que deixam de supor uma atividade extracorpórea ou a distancia do organismo humano, e mais especialmente todos os fenômenos mediúnicos que podem ser explicados por uma ação que o homem vivo exerce além dos limites do corpo.

Quanto ao que diz respeito à palavra espiritismo, ela será aplicada somente aos fenômenos que, após exame, não podem ser explicados por nenhuma das teorias precedentes e oferecem bases sérias para a admissão da hipótese de uma comunicação com os mortos. Se as asserções contidas nesta hipótese acham sua justificação, então o termo animismo será aplicado a sua categoria especial de fenômenos, produzidos pelo princípio anímico ( considerado como ser independente, razoável e organizador ) enquanto está ligado ao corpo; e neste caso a palavra espiritismo compreenderá todos os fenômenos que podem ser considerados como manifestação desse mesmo princípio, porém desprendido do corpo. Por mediunismo entenderemos todos os fenômenos compreendidos no animismo e no espiritismo, independentemente de uma ou de outra dessas hipóteses. ’’

                Notamos claramente, que Aksakof, não quis ir de encontro ao ‘’bom senso vivo’’ denominado de Allan Kardec. Apenas quis, com o termo animismo, dizer ao Sr. Hartmann, que se era possível ao espírito encarnado, comunicar-se telepaticamente, bilocar-se, escrever através da mão de algum médium,  entre outras ações, por que não o seria, para o espírito desencarnado?
                Na verdade, o termo animismo, foi o que de mais correto na época, Aksakof e depois outros, acharam, para provar ao detratores, a possibilidade da ação espiritual. ( entenda-se do espírito desencarnado. ) 

 Outrossim, Allan Kardec, em o Livro dos Médiuns, capítulo XIV,  - Dos Médiuns – Ensina-nos na questão 159.  ‘’ Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela da mesma maneira, em todos. Geralmente os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades, quantas são as espécies de manifestações. As principais são:  a dos médiuns de efeitos físicos;  a dos médiuns sensitivos, ou impressionáveis;  a dos audientes;  a dos videntes;  a dos sonambúlicos;  a dos curadores;  a dos pneumatógrafos;  a dos escreventes, ou psicógrafos. ‘’ Adiante, neste mesmo capítulo, no item 5º - Médiuns Videntes - , na questão 167  ‘’ Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os Espíritos. Alguns gozam dessa faculdade em estado normal, quando perfeitamente acordados, e conservam lembranças precisas do que viram. Outros, só a possuem em estado sonambúlico, ou próximo do sonambulismo. Raro é, que esta faculdade se mostre permanente; quase sempre é efeito de uma crise passageira.  Na categoria dos médiuns videntes se podem incluir todas as pessoas dotadas de dupla vista.  A possibilidade de ver em sonho os Espíritos resulta, sem contestação, de uma espécie de mediúnidade, mas não constitui, propriamente falando, o que se chama médium vidente. ‘’

Assim, conforme Kardec, nos orienta nas questões acima, a Vidência é Mediunidade, pois, aquele que vê, segundo a questão 159 é Médium Vidente.
Contudo, neste trabalho que faz parte de um ensaio que estou elaborando, para que os equívocos diminuam, oriento aos neófitos, pois que os espíritas mais velhos já o sabem que:
Médium, ( Sensitivo ou supranormal. ) = É todo aquele que, sente, ver, ouve, escreve, pinta, fala e etc., sobre a ação dos espíritos.
Mediunidade = Exercício da função de médium.
Animismo = Fenômeno mediúnico, que consiste em o médium, externar criações próprias ( mistificação ) e, ou, aquisições pretéritas, que dormitam latentes no seu inconsciente.





                                   Riachão do Jacuipe- Ba., 15 de Dezembro de 1998.

                                                           Antonio Reinaldo Carneiro Oliveira.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Tortos versos!

No anverso de certos versos,
Inconfesso e reverso tal amor,
Dos que por esta dor estão possessos,
Inebriados pelo ópio de certa flor.

Debatendo-se num mar de amor em vagas,
O débil marujo sem razão se entrega assim,
Deixando se levar sem qualquer mágoa,
Ensandecido por tal amor que não tem fim.

Noites insones, por esta doce visão,
Que é tecida em fios de imaginares,
Confuso nem sabe se é amor ou paixão,
Náufrago neste mar de amares.


Antonio Rey.