sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Era Lindo!


Acordar e ver...
Quanto teu sorriso me tocava,
Quanto tua alma me encantava,
Quanta paixão,
Entretanto, me equivoquei. Vai saber...

Depositar em ti toda minha fé,
Crer-te digna dos meus sentimentos,
Entender-te pra minh ‘alma, alimento,
Ilusão...
É o que é.

Era lindo sim,
Navegar em tua confiança,
Pensar em nossas almas haver semelhanças,
Decepção!
Jamais confiastes em mim.

Entretanto nasci pra te amar,
E te amarei,
Com meu amar te cuidarei,
Assim,
O meu amor continuará igual ao mar.

Antonio Rei.



sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Tortos Versos!




No anverso de certos versos,
Inconfesso e reverso tal amor,
Dos que por esta dor estão possessos,
Inebriados pelo ópio de certa flor.

Debatendo-se num mar de amor em vagas,
O débil marujo sem razão se entrega assim,
Deixando se levar sem qualquer mágoa,
Ensandecido por tal amor que não tem fim.

Noites insones, por esta doce visão,
Que é tecida em fios de imaginares,
Confuso nem sabe se é amor ou paixão,
Náufrago neste mar de amares.


Antonio Rey.


  

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Luz e Mar!



 
Donde o sorriso embeleza o mar,
A branca areia contorna,
A água na praia a quebrar,
Na beleza que lhe adorna.

Conquanto ao poeta inspire,
Seu calar lhe impõe silêncio,
Mesmo que lhe admire,
No vórtice do amar intenso.

E a razão intercepta a emoção,
Pondo-o em seu lugar,
Em lágrimas de devoção,
No desespero do amar.

E como maresia e ar gratuitos lhe chegaram,
O gostar também lhe chegou,
Quando suas mãos se tocaram,
Naquele instante o amor se forjou.


Antonio Rei.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Terceiro Capítulo






Não era tão diferente de uma moça comum. Tinha cabelos longos, pretos e sedosos de forma a dar vontade de passar os dedos entre eles. Tinha os seus cabelos o agradável cheiro de amora. A pele era morena clara e os olhos, porque não usasse lentes de contato eram pretos. Rosto quase comum, não fosse por aquela pequena neguinha sobre o lado esquerdo do seu lábio superior. Não se sabe se bonita ou apenas simpática. Anca mediana, onde os culotes não tão largos nem tão estreitos de forma a combinar com pernas bem torneadas e muito definidas incitavam os desejos. Seu andar, desprovido da elegância esperada para o andar de uma linda mulher, talvez falasse de uma pressa que não se sabe justificada pela sua vida. Gostava muito de ler, daí a cultura que tanto cativava a alma daquele poeta. Tinha um sorriso discreto que se fazia mais belo pelos contornos graciosos que sua boca impunha. Assim era o amor que o meu amigo amara. Assim era aquele amor tão sonhado. Amor que de tão imenso, ao lhe ver partir, fosse pela direção de vida contrária que a vida lhe impusera, fosse pela falta de querer com ele ficar, fosse por outro amor que aquele viera lhe substituir, ou, fosse por algum outro motivo que ainda não sei, mas, que poderei vir a descobrir, fizera com que ele assim se expressasse quando ela lhe deixou:

- E quando tuas asas te conduziram para tão distante de mim, a inércia tomou o teu lugar fazendo com que o silêncio fosse o meu maior alarido.  Meu olhar confuso, ora te buscava no arrebol de o amanhecer, ora no ocaso rubro, e porque não te encontrava, a dor da tua falta, mais intensa se fazia. E se te encontrava não era apenas uma, mas, duas, e isso me paralisava – 

Do romance em construção: A Ostra, de Antonio Rey.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Talvez!



Talvez, no viver tudo caiba.
O meu amor por você,
Amor que te cuida,
Que nada exige,
Que apenas existe.

Talvez não me entendas,
Porque és silêncio...
De interlocução monossilábica.
Sem expressar razões,
Que me causam ilações.

Talvez o teu mundo te baste,
Não sonhas o sonho do amor,
Não sintas o perfume que te trago,
Não queiras o meu sonhar,
Tampouco o meu amar.

Talvez tuas conquistas sejam tudo,
E te façam poderosa,
E meu sentimento não chegue a ti.
Deixando-me a pensar,
Neste meu mar de amar.


Antonio Rei.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Subjetividade poética!


Alquebra esta alma combalida,
Ainda outra vez em pleno solo,
Onde de joelhos este amor esmola,
Em sentimentos tecidos na rebeldia,
Em instantes de imorredouro amar.

Tinem em plenas dores,
Os átomos que o ser constitui,
Adstritos em células sentimentais,
A espreitarem a linda flor,
Na visão que certo riso lhe traz.

Assim, acaba por forjar certa poesia,
Tecida em fios de estro apaixonado,
Na força que ao vate impõe,
Na clausura celular,
Em ilações que lhe alivia.

Mas, que venha a dignidade,
Que se mate o vate,
E o sepulte profundo,
Onde não há sentimento,
Onde não viva o amor.


Por Antonio Rey.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Desventura.





Quisera que teus lábios a sorrir,
Esperassem os meus,
Pra com volúpia se acoplarem nos teus.
Entretanto o desengano,
Neste alarido que me traz o nada,
A desventurar o porvir.

Quisera que o teu perfume viesse no ar,
Adocicando meu olfato,
Perfume próprio do ato,
Assim como a maresia,
A quem a maré admira,
Traz o cheiro do mar.

Quisera após este banho perfumado,
Ter-te toda molhada,
Sutilmente perfumada,
A sorrir para mim,
Com teus cabelos em desalinho,
Neste teu recato amado.

Quisera não ouvir o inaudível,
Não perceber o demonstrado,
Não te querer ao meu lado,
Não gostar de você,
Não buscar entender,
Não desejar o impossível.


Antonio Rey.

sábado, 9 de setembro de 2017

Insanidade!

 
Em um espelho qualquer, teu rosto,
Enquanto sorri, te impõe silêncio,
Na busca do esquecimento.
Acolá o anverso não desejado,
Filho de um sentimento tosco.

No espelho teus lábios são beijados,
No alarido do nada,
Quase a explodir os tímpanos do não ouvir,
A voz do sorrir,
A negar seu amado.

No espelho encontros constantes,
Silenciosos porque no espelho,
Enquanto o amado de joelhos,
Tenta mil vezes lhe falar,
Seu amor... Não obstante.

Antonio Rey.


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Devaneando!





 
Fustiga-me este olhar por entre as frestas do tempo,
Açoitando a rebeldia inata,
De este coração que em cascata se desfaz,
Em gotas de lágrimas de então.

E as gotas,
Irrigam a erva natimorta do amor,
A exemplo de certa flor que em botão pecou,
Deixando o perfume pra depois.

Fustiga-me sim, o não saber do saber,
Neste olhar que não ver,
Nestas rimas inglórias,
No poetar do sofrer.

Fustiga-me sim, as peripécias dos carmas,
Regidas por voraz batuta,
Que desencontram as almas,
Em tramas bem mais que astutas.

Fustiga-me o deixar pra depois,
A doçura do amar,
Sob o látego da dor do anzol,
Que me insiste em iscar.

E de cá teço olhar lacrimoso,
Forjando o mar de chorar,
Neste sofrer de amor tão gostoso,
Neste imensurável mar de amar.

Antonio Rey.



terça-feira, 5 de setembro de 2017

A janela!


 
Paro ante você,
E observo o domingo,
Que traz em sua garupa,

Um marasmo preguiçoso,
Enquanto dorme o amor.
O sol beija a parede lateral,
Fustigando minha visão,
Que te busca algures,
Sem te encontrar.
A vontade de tê-la em meu peito,
Enquanto o sol ainda teima,
Não é menor que o desejo de beijá-la,
Enquanto minhas mãos lhe acaricia,
E o meu sonho se realiza.
E o domingo ainda sonolento,
Perturba o meu sonhar,
Outorgando-lhe este poetar imberbe,
Enquanto a janela nada me mostra,
E eu ainda lhe observo.

Antonio Rey


segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Transmutação!


E a beleza se fez flor,
Conquanto uma lágrima existisse,
Era uma flor singela.
De pétalas transparentes,
De quase nada.
Uma flor.

E na manhã seguinte aquela se fez rosa,
Toda molhada,
A flor mais bela ainda,
Com seu divino encanto,
Bela, sorridente sem nenhum pranto.
Uma flor!


Por Antonio Rey.