sábado, 31 de agosto de 2013

Dissecando poeta.

Poeta sonha em emaranhados de amores
Daqueles trançados por contas e rosários de desejos,
De beijos adocicados em favos de luar...
Nem tão sério nem tão lúdico...

Poeta, se lhe permitirem, viverá sempre amores,
Daqueles enrolados em véus de santidade,
Plenos de desejos, isentos de maldades.
Poeta é assim: sonhador de amores!

E se lhe cercearem o sonhar,
Terão lhe matado com certeza,
Perderá o objeto da vida:
Poetar o mar; poetar o ar e flores de amores.

Poeta é assim, sem tirar nem por.
Se não ama, não poetiza,
Se não poetiza não está amando,
E se não ama um amor, ama a água; o vento e o ár.

Poeta ver estro onde direciona o olhar,
Enrosca-se no nada e extrai o perfume,
E lhe joga ao vento perfumando seu caminhar,
E depois disso tudo se unta com o restinho.
Poeta é assim! Sem tirar nem botar...

Antonio Rey.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Pavão!




Terás apenas tu valor?
Beleza, cultura e poesia?
Estais sós?
Gostaria de te chafurdar em meio ao povo.
Sabeis que este tem valor?

Vejo-te mesmo sem querer,
Tua arrogância e vaidade são tuas vestimentas.
Belas tuas penas; lúgubres teus intentos,
Lodoso... Vaidoso... Insidioso!
Vejo-te.

Disse-me Cristo agora:
Perdoai-o! Ele não sabe o que faz...
Será que não, Senhor?
Ele é pérfido!
Ainda assim: Perdoai-o.

Deixa-me olhar noutra direção...
Abundante de felicidade,
Plena de possibilidades,
De paz; de subliminar catarse,
Na exata medida.

E de lá, brisa se imiscui em minha paz,
Em cantilenas de dedos cariciosos,
Da cruz desfazendo suas costuras de tempos,
Alegrando-me em alegrias saltitantes,
Rezando os terços da felicidade.

De lá, daquele outro lado,
Vejo arrebóis de amores,
Beijando rostos vermelhos na paixão,
Onde reluz certo verde de querer,
Que nega olhar de lascívia; Insistente!

De lá, é que sinto o cheiro do amor,
Vertido da obediência dos poros,
Destilado das ânsias do momento,
Embalado nas asas do agora.
De lá, tudo de bom; tudo de se amar.


Antonio Rey


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sacrário.



E o que é isto senão imenso amor,
Donde recluso te observo tanto,
Desejoso de te fazer sorrir;
De enxugar teu pranto?

E o que será esta vontade,
De te tomar em meus braços,
Beijar estes teus lábios de salivas de amor,
Como beija o Colibri a sua flor?

E ao beijá-lo saciaria minha sede de ti,
Abriria o sacrário dos desejos reprimidos,
Tão desnudo nestes trajes de gala,
Que te fazem tão desejável.

Tresloucados sentimentos me confundem...
Se eis santa, por que desta libido sinto o cheiro?
Por que tua santidade me atiça?
Mostrando-me lençóis, corpos, beijos, amor?

De hábito: santa,
Despindo-o: mulher,
Sem roupa: desejos!
Nos meus braços: pira acesa.


Antonio Rey.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Subjetivando!



Daquela louca vontade saiam,
Desejos de molhar teus lábios com gotas de lascívia.
Ali, no subterfúgio de sentimentos nascituros,
Muito embora natimortos.

O ser de alabastro,
Fazia lastro de sentir ou não...
Silencio na estupidez voraz do não sentir,
Maculava a alma alva,
Ora vertida no sangue azul: desilusão!

E da louca vontade, dedos saiam tateando carinhos,
Aliando aqueles fios em desalinhos,
Sem medir corretamente a desilusão do tato cego: ávido!
Torturante instante...

E o amor esperado,
Continua esperando que até o próximo equinócio,
Na igualdade de noite e dia,
Que o alabastro se faça vermelho no inerme ocaso.

Antonio Rey.  

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Questionamento que me faço.

Nos dias atuais quando a subjetividade de os textos está em voga, quando o belo e o valorizado é a poesia sem rimas, o que, diga-se de passagem, possibilita que qualquer um, ao usar da subjetividade e de frases de efeito pode se dizer poeta, será que ainda existe lugar para a minha forma de poetizar? Será que sonetos como este que posto abaixo está na contra mão da história?

Sinto-me em matéria de poesia como deve se sentir um defensor da bossa nova, da música clássica, ou, da MPB clássica, ao ver a imensa apologia ao que o povo consome e a mídia divulga. É a vida... São os novos tempos





Soneto do Amor!



Se o meu amar fosse o meu grito,
Teria que ter dito deste meu amor,
Que d`onde gritei, estivesse onde for,
O brado do meu grito atinge o infinito.

E se o infinito é a dimensão do meu amar,
Só para demonstrar pra ti o que sonhei,
Informar-te-ei amor, o que já sei...
Sonhei que o mar, tentava a ele se igualar.

Mas amor que é amor não tem comparação,
Deve ser vivido; deve ser amado...
Na intensidade deste bem querer.

Vivê-lo intensamente, mais que o desejado,
Minuto a minuto para ele não morrer,
Na leveza do amor; no furor da paixão.



Antonio Rey.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Vinde!



Anuncia-me ao mundo como o teu amor...
Como tenho de ti anunciado.
Toma em tuas mãos os orvalhos dos meus prantos,
E lava tua alma e o teu corpo para te impregnar de mim.

Nem te peço que sangremos os nossos dedos para firmarmos aliança,
Observa-me apenas nesta minha forma de amar...
Verás o composto de respeito, espiritualidade e paixão.
Saberás então porque tanto te desejo.

Vinde, pois, sorver na taça deste meu amor.
Degusta este meu vinho milenar,
E saberás deste amor que só eu sei amar,
Adianta-te, posto que o amanhã seja agora.

E se não quiseres,
Deixa-me apenas te guardar em mim
Trancarei este amor não amado uma vez que só eu amei.
E deixa-me ir em paz.

Antonio Rey.