sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Quimera.

Não fosse o teu olhar naquela tarde,
Tarde demais estaria em adiantado certa dor,
Qual beija-flor sem flor,
Santo sem andor,
Colorido sem cor.

Não fosse teu sorriso naqueles lábios sem sorrir,
Mais pálida seria à tarde,
Mais frio seria o sentir,
Mais sofrido o existir,

Não fosse tua santidade nesta alma invisível,
Mais negros seriam os meus dias,
Menos cálido seria meu poetar,
Menos amado seria meu amar.

Entretanto tu existes em fios de pensamentos,
Forjados em lãs de imaginares,
Untados em ópios dos meus pesares,
Lânguidos.

Dou-me a ti neste poema insípido,
Oh visão imaginada,
Dou-me simplesmente no afã deste meu nada,
Das sombras deste Quixote.


Antonio Rey



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