sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Corredor de Shopping





É ali, fabuloso laboratório de análise psicológica para aqueles que querem experimentar.
São moças e rapazes novos e bonitos sem quaisquer máscaras, moças e rapazes bonitos cheios de máscaras, moças e rapazes não tão bonitos, mas, que se acham bonitos, por isso, logo são, senhoras de meia idade querendo ser gatinhas e se vestindo como elas, senhores de meia idade querendo ser gatinhos e se vestindo como eles. Vi neste tópico, coisas que não tive como não sorrir. Felizmente as pessoas não perceberam. Vou lhes contar um caso apenas:
Era um senhor de mais ou menos sessenta e cinco, ou, até uns sessenta e sete anos, mascando chiclete, com um q de sorriso vitorioso no canto da boca.... Sem barba, talvez para não lhe denunciar a idade, cabelos pintados de preto, bem preto. Vestia calça bem colada no corpo, que se via arrematada por um sapato marrom, bico mais ou menos, novinho em folha, parecia ter saído da loja naquele instante. Camisa de mangas compridas arregaçadas até a metade do braço de forma a mostrar que o coroa pega pesado na malhação. Deixou dois botões abertos na parte superior para poder mostrar vistoso cordão, que, supôs de ouro. Já na parte inferior, a camisa fora colocada para dentro da calça na parte da frente, mostrando, primeiro que o coroa não tinha barriga,depois que o cinto que usava, combinava perfeitamente com o sapato novinho. Nem precisa perguntar: Claro que o cinto era tão novíssimo quanto o sapato. O engraçado foi quando o coroa em dado momento quis disputar uma garota linda que vinha pegada na mão do seu namorado, que por sinal, verdade seja dita, era um rapaz muito bonito. Pois bem. O coroa andou uns cinco metros tentando despir com o seu olhar, o short bem colado que valorizava as pernas bem torneadas da moçoila.  Em dado momento, lhe dirigiu olhar interrogativo como se perguntasse a mocinha: Então gata, tu não estais me vendo em tua frente? Não vê que sou um jovem bonito e bem charmoso? Sim! Essa foi a pergunta que pude ler no olhar daquele senhor, até porque, na cabeça dele, sua idade poderia ser de trinta, no máximo trinta e cinco anos, jamais, sessenta e cinco, muito menos ainda, sessenta e sete.  Louco! Só pode ser louco, pensei...  É que a garota tinha idade de ser sua neta, posto que não tivesse ainda dezoito anos, ademais, com namorado pegado em sua mão, e, mais ainda, namorado novo, porque deveria ter uns vinte anos, e lindo. Louco sim! Felizmente sumiu. Deve ter ido até a praça de alimentação... Será que não entrou na livraria, você me perguntou, leitor? Agora quem está louco é você, por achar que um tiozinho daquele lê alguma coisa. Talvez bula de remédio quando estiver de dor de barriga.
Naquele laboratório todas as pessoas eram iguais uma vez que a heterogeneidade determinada pela personalidade, cor e tipo de cabelo, pele, estado civil, condição sócio econômica saía de cena para dar lugar a homogeneidade que se constituía pelos freqüentadores do shopping. Sim! Todos, naquele “tapete vermelho” não eram senão, freqüentadores do shopping, e, de uma forma ou de outra, se encontravam felizes por estarem naquele lugar.
Outra coisa interessante ali no laboratório são as trocas de olhares. Como se tenta devassar a alma alheia ali.  E quanto magnetismo ali existe? Tem certos olhares, que, mesmo por milésimos de segundos são irresistíveis. Ali nesta questão de olhar, o bom pesquisador fica olhando os “micos” que pagam os homens, porque, ao olharem, direcionam tanto o olhar para certo ponto, seja o rosto, o busto, o ventre, as pernas ou mesmo todo o conjunto, que, se não tiverem cuidado acabam se batendo em alguém. Como somos bobos nós homens! Já as mulheres, olham discretamente, apenas no canto dos olhos. Às vezes repetem aquele movimento no olhar. Se não são tocadas seguem suas “viagens” sejam os homens como forem, não interessam nem mesmo a beleza. É mais ou menos assim. Se não foram tocadas magneticamente, não estão nem aí. Entretanto, se foram, não ficam como os homens que muitas vezes ficam andando e olhando para traz. Quando os carinhas lhes tocam, param em uma vitrine próxima, olham, acenam, comentam sobre qualquer coisa, e, de quando em vez, olham discretamente. Se os carinhas estão sentados esperando por alguém, elas vão mais à frente e não demoram muito, retornam àquele ponto. Umas param um pouco, falam ou fingem falar no celular, outras, olham mais uma vez, porém, muito discretamente.
Algo não menos interessante que fiquei a analisar ali no corredor do shopping, é que uma sacolinha com duas calcinhas ou duas cuecas tem o mesmo peso psicológico de um sacolão com um terno, ou, com dois ou três pares de sapatos. Ali, diferente de outros locais, ninguém se sente diminuído por nada. Todos são! Todos estão!
Decerto que faz muito bem o corredor de um shopping!

Antonio Rey.

Nenhum comentário:

Postar um comentário