sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Ontem.






Ontem, depois de muito tempo tu foste minha, quando deixastes que meus dedos entrelaçassem os teus; quando me permitistes sonhar o amor nunca dantes sonhado; quando despidos de preconceitos, quais adolescentes, singramos as ruas de nossas emoções.
            Ontem, não notei o culto, só notei a ti, pois tua beleza, brotando de tua alma, encantou a minha.
            Ontem, encantado, não me recriminei, tampouco me tolhi. Dei liberdade ao pássaro do amor, que livre voou, voou, pra bem longe daqui.

                Ontem, fui feliz! Hoje já não sei. E não sei, justamente porque estou dando ouvidos para a falsa moralidade; para a falsa ética, que cerceiam o amor; que nos faz hipócritas quando negamos a nós mesmos.
Ontem, compreendi que para se ser feliz basta tão pouca coisa. Apenas olhar para dentro de nós mesmos. Apenas não negar o que sentimos.
Ontem, depois de te deixar, falei com Deus e parece-me, Ele não me recriminou. Pelo menos nada ouvi de Sua boca que pudesse ter-me censurado. Contudo, eu censurei a mim mesmo, por isso que eu disse que ontem fui feliz e hoje já não sei. Não sei justamente porque me censuro. Porque me cobro o que minha consciência não me acusa dever...
Ontem fui teu Salomão. Confiante de mim mesmo, trilhei a estrada da emoção com a consciência isenta de qualquer mácula; de qualquer mancha, quando, não feri, não matei, não roubei, apenas amei. E quem deve ser condenado por amar?
Ontem vivi. Hoje, já não o sei... talvez morri.



ARCO
Antonio Reinaldo Carneiro Oliveira.   


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